LICENÇA POÉTICA
segunda-feira,
7 de dezembro de 2014
JESUS MENINO
I-
Jesus nasceu na favela do Jaguaré
Seu nome completo era
Jesus da Silva e de Nazaré
Ele nasceu em uma favela
Mas se criou em outra
A favela do Sapé
Pois sua comunidade ou favela do Jaguaré
Já não é a mesma
Pois a vida de um bandido
Pobre e ralé
não vale nem mais
que um parco tostão
Então foi melhor mudar-se
De mala, Cuias e UM três oitão.
Na mão.
Para uma quebrada bem mais quente
Comunidade mais pobre e carente
De toda esta cidade tão grande
E cruel
II-
Do Sapé ao inferninho
Na comunidade do Sape
Jesus menino
Cresceu
Sem eira e nenhum destino
Ou melhor
O seu encontro marcado
Com a Morte
Sabia à hora e a configuração
Das estrelas
Mas quem sabe
Ir ao encontra dela
Não seria transformar
Sua própria vida
Sua amarga e cruel sorte.
III-
Cresceu como todo sadio
Quase que vadio menino
De comunidade da periferia
Do samba e de Sampa
Correndo atrás de pipa e passarinho
E seguindo os conselhos
Dos mais velhos
Bom Jesus menino.
IV-
Sua mãe sempre dizia
Jesus menino:
Não se envolva com o mal
O crime que não compensa
Comparsas das trevas
Cobras e serpentes peçonhentas
Sempre o chamarão para
Paradas erradas
E seu destino
Jesus menino
É libertar o seu povo
De uma escravidão moderna
Quebradas
Comunidades
Favelas.
V-
Sabia que havia nascido
Diferente de todos os amigos
Toda a sua tão pobre e inteligente
Gente e parentes.
Quando era provocado
Sua ira era tanta
Quase que Santa
Gritava alto
Tal qual o mais estrondoso trovão
E a natureza respondia
Ao seu comando
Sua vontade de Jesus menino
Dono do mais trágico dos destinos.
VI-
Cordeiro de Deus
Que tirai os pecados do mundo
Proteja e faça crescer
Jesus menino
Pois seu Pai
Enviou-nos para a todos
nós salvar;
E limpar da Terra
Sua mãe Gaia
De Todo mal ancestral
Terra sagrada
Mais batizada e irrigada
Com o sangue dos inocentes.
Por um demônio do capital
Babilônico Baal.
VII
Jesus menino
Não tinha irmãos de sangue
Elias seu primo
Mais velho do que Jesus menino
Cumpria esse papel
Amigo fiel
Irmão protetor.
VIII-
Seu primo Elias
Escrevia versos e prosa
Sem caneta
Lápis
Ou computador
Era pastor de ovelhas
E homens
E sua maior habilidade
Era servir a Deus
E identificar e matar
lobisomens
Que muitos acreditam
Ser um mito
Mas existe
E saibam que eu acredito.
IX-
Quando bem meninos
Menino Jesus e seu primo
iam nadar
e brincar
Na raia olímpica da USP
pois naquela época
idos dos anos 80
esta universidade
pública
era realmente da gente
sem muros
portarias
e como era bom
nadar na raia
e pescar no escuro.
XIV-
Jesus menino
Por ser pobre
De origem nordestina
E negro
Morando na favela
Sofria diariamente
preconceito
De pseudo-s brancos
Falsos e pobres ricos
E paulistanos
Se achando nobres.
Chorava todo dia
De raiva e pela
injustiça
Mas por dentro sabia
Ser ele o salvador
Pois seu nome era
Menino Jesus.
XV-
Quando estava muito
triste
E chorava em parco e
pobre barraco
Sabia que Deus
Seu pai
Sempre o ouvia
Isto era o seu consolo
Da sua condição de
pobreza
Miséria e total abandono
Seu pai vigia noturno
Em casa não estava
Trabalhava a noite
E toda madrugada
Sua costurava para fora
A fim de complementar
Pobre salário
Do seu José
E sua mãe Maria
O protegia
Seja de noite
Seja de dia.
XVI-
Quando Jesus menino
Completou nove anos
Ganhou um presente de
grego
Não de Deus
Pois o acontecimento
Marcou sua vida para
sempre
E assim mais uma vez
Menino Jesus chorou;
E sua alma de menino
Eternamente se calou.
XVII-
Em uma perseguição
Policial a um
Foragido e bandido local
Por engano, ou melhor,
destino.
Jesus menino
Viu seus pais
assassinados
Por guardas romanos
E muito bem armados
E lágrimas de sangue
Correram em sua face
E para todo o sempre
Seu coração
Sangrou.
XVIII-
Para o Jesus menino
O mundo acabou
Neste exato instante
Neste mesmo preciso
Momento e segundo
Gritou como se fosse explodir
E para que todo o mundo
O escutasse
E em forma de prece
A mais sincera oração
Perguntou aos céus
A Deus!
O seu verdadeiro pai
Por que senhor, eu.
Seu filho
Menino Jesus.
XIX-
Seu pai nos céus
Ouviu seu grito de dor
E desespero
E Javeh jamais
Abandona
Ou abandonará
Qualquer um dos seus filhos
Que são tantos
E, portanto
A menino Jesus
Seu filho predileto
Mandou um imenso
RELAMPAGO
E estrondoso trovão
Mesmo sem ter
Uma nuvem qualquer
No céu
Seu berço
Nosso melhor
E definitivo
chapéu.
XX-
Deus ouviu
E resolveu ajudar
Jesus menino
Pois os romanos
Tinham cometido um ledo
E cruel engano
E a responsabilidade por tudo acontecido
Foi dos fariseus
Falsos homens bons
Que queriam
responsabilizá-lo
por algo não cometido
Pois o verdadeiro
fascinora e bandido
O bandido morava
Morava ao lado do seu barraco
confundido e delatado
por maldito e hipócrita fariseu
Sendo que uma arma do seu pai
Foi achada
Os romanos não tiveram culpa
Era seu cruel
Destino de Jesus menino
XXI-
Jesus menino
Em sua maior
E cruel dor
Não ficou só
Pois seu pai nos céus
Teve dó
E resolveu mandar
O anjo da anunciação
Gabriel arcanjo
Para seguir seus passos
E protegê-lo e integralmente ser
Seu melhor amigo
Melhor vigia
Seja de noite
Seja de dia.
XXII
E o anjo da anunciação
passou a ser
seu melhor amigo
espiritual irmão
e consolava o martirio
de Jesus menino
inspirando seu sonhos
fazendo-o voar
com suas asas
e conhecer toda a cidade
e até o mundo
em apenas um único sonho
e em não mais
do que trinta segundos.
JOÃO DO GUETO.
XXIII-
Jesus menino
Órfão mas com
Seu melhor amigo
Sempre ao seu lado
Foi acolhido pelo Estado
E levado para uma unidade
De crianças pobres e órfãs
E saibam vocês que não era
Tal ruim assim como diziam alguns
Pois agora tinha ao menos três
refeições
Jantar, almoço e café-da-manhã
O que antes raramente tinha.
XXIV-
Quando estudava
em uma escola local
da rede municipal deste
grande e cruel metrópole
Gostava de ler historias fantásticas
E Monteiro Lobato era suas historias
prediletas
E por coincidência ou muita sorte
Nesta unidade do Estado que o acolhera
Havia toda a coleção deste grande
mestre
e assim seu sofrimento e solidão por
perder seus pais
foi suprido na leitura diária destes
livros
Um santo remédio e o mais seguro de
todos os refúgios.
XXV-
Sete anos se passaram
E agora Jesus menino
Era um adolescente
Pobre e carente
Mas cheio de idéias
Para compartilhar
E assim ajudar
A sua comunidade de origem
E sua lembrança
Já não mais lhe causava vertigem
A ferida e em seu corpo cicatrizara
Mas em sua alma
O fato fatídico
Ainda restara
Em cheiro , som e imagem.
XXVI-
Para acabar com todo o mal
Que um dia lhe aconteceu
Jesus menino encontrou
A melhor de todas as soluções
Voar pelo com asas de um anjo
Enquanto dormia.
Conhecer todos os povos
Culturas e línguas
Enquanto sonhando acordado
De olhos bem abertos
Sentidos apurados
Simplesmente lia.
XXVII-
Nem tudo era um bom sonho
Na vida de Jesus menino
Seu trágico e cruel destino
Ainda não se revelou inteiramente.
Apesar de ser bom em quase tudo
Que se propunha a realizar
Era sempre preterido por alguém
Na hora de seu premio ganhar
Geralmente um garoto loiro
E de lindos olhos azuis.
Para ser notado e reconhecido
Era preciso ser muito, mais muito
Melhor do que os outros
E mesmo assim
Seu tormento e maior preconceito
Nunca em sua vida
Teve fim.
XXVIII-
Um dia desses qualquer
Mas que passou a ser um
Importante e inesquecível
dia
Assistiu a um filme na
televisão
Que lhe uma grande idéia
Ampliando seus horizontes
E sua já agudíssima
visão:
Ao mestre com carinho
Aonde o protagonista e
herói
Dessa linda e romântica
história
Não era mais um branco ou
alemão
Mas sim um raro e
especialíssimo negão
A encantar a tudo e a
todos
A partir daí tomou a sua
decisão
O que ser e como fazer
Para mudar seu mundo e
dos seus irmãos.
XXIX-
o preconceito no Brasil
tem história
Caberá a nós
Buscar sua origem
Explicá-lo
E matá-lo
Como cobra serpente
Peçonhenta e vil
Começa com a escravidão
Primeiro do índio
Depois do negro africano
E mostra-lo será meu
dever
E
não colocá-lo para debaixo do pano.
XXX-
A escravidão do passado
ainda reflete
no preconceito de hoje
outrora escravo mercadoria
objeto de compra e venda
Agora a moderna escravidão
Só tem uma e única razão
A grande desigualdade social
que separa os pobres dos ricos
os muros separam e só tendem a crescer
mas quem sabe Jesus menino
possa a todos convencer
que somos todos iguais
perante a lei dos homens e de Deus
Rico, pobres ou plebeus.
XXXI-
Deus criou o homem
A sua igual e própria
semelhança
Jesus criança
É a síntese e o compêndio
De todas as virtudes
humanas
Mas como Caim matou Abel
Há algo de lobo e
predador
No ser humano.
As línguas separaram o
homem
Judeu, negro e italiano
Alemão, japonês e chinês
A causa deste mal
Ou melhor]
A segregação natural
Não é de Caim ou Abel
E
sim da maldita Torre de Babel.
XXXII-
Nos últimos dez anos
Muitas coisas mudaram no
Brasil
E para melhor
Tal qual
Bolsa família
Nossa casa nossa vida
Prouni e etc...
Mas a desigualdade e o
racismo
Tem raízes histórias
E se houve avanços e
melhorias
Muito ainda precisa mudar
XXXIII-
Pois ainda por aqui
A Justiça só vale
Para os três Pés
Preto, pobre e puta
Lema que vem
Dos tempos
da escravidão
quando os três P
era assim aos escravos
Pano, Pau e Pão
XXXIV-
O pão era o que o diabo
amassou
O pau era o pelourinho
E os castigos brutais
E o pano era
Uma única peça
De roupa
Pano de saco
E que logo virava
farrapo.
João do Gueto
XXXV-
A história oficial
A verdade unicamente factual
Diz que:
Em um iluminado dia
Nossa querida e amada princesa
Acordou inspirada e mui bem
Abençoada
E com o lápis
Assinou a lei Áurea
Pois na realidade
O escravo quase liberto
Não teve muita
Ou qualquer escolha
Saiu correndo da Senzala
E cansado de tanto
Correr e andar
Parou no Rio de Janeiro
E assim criou e fundou
A primeiríssima Favela.
O MORRO DA FAVELA.
XXVI-
Mas vamos voltar ao início de tudo
Da historia dos homens
Segundo a teoria criacionista
Deus criou a luz
Sendo o principio de Tudo
O demônio criou a escuridão
Por inveja e fraqueza
XXVII-
Mas o senhor de tudo e todos
Inclusive deste cão danado de malvadez
Mandou-o eternamente
Para as profundezas do inferno
Onde ate hoje arde no fogo escuro frio
Fruto da sua própria ruindade
E invejosa criação
XXVIII-
Resumindo em poucas
Mas tão precisa palavras
Deus acende a luz
O demônio desliga o interruptor.
Mas Deus que é maior do que tudo
Assim falou
FIAT LUX
XXIX-
Mas deixemos os
primórdios de lado
E vamos retornar a
história de Jesus menino
Uma criança divina
Tal qual o Dalai-lama
Só que com os pés
descalços
Morador de uma comunidade
pobre e carente
Quebrada forte, violenta
e boca quente.
Um deus menino sem pai
nem mãe.
E nesta história com o
pé-na-lama.
XXX-
Quando vem chegando o
Natal
As ruas se enfeitam
As janelas se iluminam
Só Jesus menino
que não fica contente
Pois no meio de tanta
felicidade
coloridos e inúmeros
presentes
Não sobra nenhum ou
melhor
ninguém se lembra dos
pobres e carentes
Feito ele: Jesus menino.
XXXI-
Por ter agora quinze anos
Jesus menino não é mais
criança
Mas seus sonhos e desejos
secretos
São os mesmo de quando
seu coração sangrou
Muitos pedem por dinheiro
e presentes caros
Jesus menino apenas
queria
poder voltar no tempo
E avisar os seus pais
para saírem dali
e assim poder agora
Abraçá-los como sempre
fazia na noite de natal.
Pobre e em um barraco
De mais uma favela
Da periferia, mas quente
amorosa e feliz por
sentir
o calor e o amor
de seus entes mais
queridos
e para sempre perdidos.
XXXII-
Mas apesar de toda esta
tristeza
Jesus menino sabe muito bem
E tem a total certeza
De que seu pai lá no céu
É mais do que justo
Pois como tem a todos nós
Como seus filhos e iguais.
XXXIII-
No final da vida terrena
Que é tão breve e tão
pequena
Cada um terá a sua
recompensa
Pois o trem chega e chegará
para todos
E somente embarca nele
Quem nesta vida fez o bem
E fica mal e estacionado na
estação
Que somente por aqui fez
malvadeza
Disso ele tem a total
Ou melhor, quase certeza.
XXXIV-
Para que Jesus menino
Pudesse ter nascido
Algo anterior
Foi preciso
Ter acontecido
Ou melhor
O pai do seu pai
Meu avô Belmiro
Precisou existir
E eu vou contar
Um pouquinho
De sua história
E com deixá-lo
Para sempre vivo
Em, nossa memória.
XXXV-
Belmiro Rocha
Seu avô baiano
Nasceu um ano depois
Da Abolição da escravatura
Da assinatura da Lei Áurea.
Nasceu livre no papel
Mas na realidade
Ainda servia aos seus antigos
donos.
Fazia o papel de garoto de recado
E como na época não existia a
telefonia
E muito menos o celular
Não aparecera
O que havia para tal serviço
Era o “molecular”.
XXXVI-
Assim era passado o recado
De um lado para o outro.
Moleque, leve o bilhete lá
Mo leque la pra cá
Mo leque la pra lá.
E lá ia o menino Belmiro
Correndo e quase voando
E parecendo ter asas no pé
Tal qual um Deus grego
Mais rápido que o vento.
Hermes pretinho e baiano.
XXXVII-
Quando Belmiro menino
Completou quinze anos,
Resolveu partir dali
E tentar a sorte ou
Encontrar a morte no sul
Aonde havia trabalho
Para ex escravos ou
Filhos meninos da escravidão
No Rio de Janeiro
Então capital do país.
XXXVIII-
Podia arrumar serviço no cais do
porto
Em direção ao Vale do Paraíba
E interior de São Paulo
Seus pés, persistência e muita fé
O levaram até São Carlos do
Pinhal
Cidade de fazendas de café
Aonde arrumou trabalho
Depois de dois anos
Caminhando a sonhar
Com Novos e bons tempos
Em sua via cruxis a pé
LVIII-
Romeu e Julieta
É talvez a historia
de amor trágico
e impossível
mais conhecida
do mundo
LIX-
Belmiro Rocha
E Teresa de Guzzi
E talvez o drama
de amor
menos conhecido
também do mundo
LX-
Mas essa historia
não trágica
mas dramáticA
Como já disse antes
não tem RUIM final
mas sim
Um feliz FINAL
e ESTAhistoria
TAMBÉM se encerra
Em São Carlos
Do Pinhal.
XIX-
XX- Deus ouviu
E a responsabilidade por tudo acontecido
Foi dos fariseus
Falsos homens bons
Que queriam
responsabilizá-lo
por algo não cometido
Pois o verdadeiro
por maldito e hipócrita fariseu
XXI- Jesus menino
XXII
E o anjo da anunciação passou a ser seu melhor amigo espiritual irmão e consolava o martirio de Jesus menino inspirando seu sonhos fazendo-o voar com suas asas e conhecer toda a cidade e até o mundo em apenas um único sonho e em não mais do que trinta segundos.
XXIII-
Jesus menino Órfão mas com Seu melhor amigo Sempre ao seu lado Foi acolhido pelo Estado E levado para uma unidade De crianças pobres e órfãs E saibam vocês que não era Tal ruim assim como diziam alguns Pois agora tinha ao menos três refeições Jantar, almoço e café-da-manhã O que antes raramente tinha.
XXIV-
Quando estudava
grande e cruel metrópole
Gostava de ler historias fantásticas
E Monteiro Lobato era suas historias prediletas
E por coincidência ou muita sorte
Nesta unidade do Estado que o acolhera
Havia toda a coleção deste grande mestre
e assim seu sofrimento e solidão por perder seus pais
foi suprido na leitura diária destes livros
Um santo remédio e o mais seguro de todos os refúgios.
Nem tudo era um bom sonho
A escravidão do passado ainda reflete no preconceito de hoje outrora escravo mercadoria objeto de compra e venda Agora a moderna escravidão Só tem uma e única razão A grande desigualdade social que separa os pobres dos ricos os muros separam e só tendem a crescer mas quem sabe Jesus menino possa a todos convencer que somos todos iguais perante a lei dos homens e de Deus Rico, pobres ou plebeus.
XXXIV-
Para que Jesus menino
Pudesse ter nascido
Algo anterior
Foi preciso
Ter acontecido
Ou melhor
O pai do seu pai
Meu avô Belmiro
Precisou existir
E eu vou contar
Um pouquinho
De sua história
E com deixá-lo
Para sempre vivo
Em, nossa memória.
XXXV-
Belmiro Rocha
Seu avô baiano
Nasceu um ano depois
Da Abolição da escravatura
Da assinatura da Lei Áurea.
Nasceu livre no papel
Mas na realidade
Ainda servia aos seus antigos
donos.
Fazia o papel de garoto de recado
E como na época não existia a
telefonia
E muito menos o celular
Não aparecera
O que havia para tal serviço
Era o “molecular”.
XXXVI-
Assim era passado o recado
De um lado para o outro.
Moleque, leve o bilhete lá
Mo leque la pra cá
Mo leque la pra lá.
E lá ia o menino Belmiro
Correndo e quase voando
E parecendo ter asas no pé
Tal qual um Deus grego
Mais rápido que o vento.
Hermes pretinho e baiano.
XXXVII-
Quando Belmiro menino
Completou quinze anos,
Resolveu partir dali
E tentar a sorte ou
Encontrar a morte no sul
Aonde havia trabalho
Para ex escravos ou
Filhos meninos da escravidão
No Rio de Janeiro
Então capital do país.
XXXVIII-
Podia arrumar serviço no cais do
porto
Em direção ao Vale do Paraíba
E interior de São Paulo
Seus pés, persistência e muita fé
O levaram até São Carlos do
Pinhal
Cidade de fazendas de café
Aonde arrumou trabalho
Depois de dois anos
Caminhando a sonhar
Com Novos e bons tempos
Em sua via cruxis a pé
LVIII-
Romeu e Julieta
É talvez a historia
de amor trágico
e impossível
mais conhecida
do mundo
LIX-
Belmiro Rocha
E Teresa de Guzzi
E talvez o drama
de amor
menos conhecido
também do mundo
LX-
Mas essa historia
não trágica
mas dramáticA
Como já disse antes
não tem RUIM final
mas sim
Um feliz FINAL
e ESTAhistoria
TAMBÉM se encerra
Em São Carlos
Do Pinhal.
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