sábado, 8 de novembro de 2014

A SENHORA MAURA





A SENHORA MAURA

 

Sou negro brasileiro, filho da mistura e miscigenação das três etnias formadoras de nosso povo.

“- O índio, o europeu e o branco português e o negro africano”.

Sou mulato, mas não gosto desta palavra, pois remonta mais de quinhentos anos de escravidão, palavra que deriva de mula, animal híbrido e que não pode gerar descendentes por se filho do senhor com sua escrava negra e não ser aceito nem pelos brancos e muito menos pelos escravos, passava então a ser o capitão do mato ou capataz de gado e de toda gente.

 Venho aqui dizer e falar, ou melhor, agora escrever que meus antepassados negros não foram escravos, mas sim escravizados.

Meu avo Belmiro Rocha nasceu em 1889 na Bahia, portanto oficialmente liberto, pois a Lei Áurea fora assinada um ano antes de seu nascimento e como um dia ele mesmo me disse que seus pais não nasceram escravos, mas todos juntos com sua nação africana foram barbaramente escravizados e trazidos para o Brasil.

O sangue que corre em minhas veias é a mistura de três etnias: me avo negro, pai de minha mãe, minha avó, índia de Matogrosso, mãe de meu pai, minha querida avó Senhorinha Alves Piedade e minha avó Tereza de Guzzi, mãe de minha mãe, italiana da velha Sicília, portanto sou um autentico e genuíno filho da miscigenação brasileira,

E hoje, o que dos Rochas, negros e baiano, irá propor e escrever um nova História, não mais o escravo negro e passivo diante de sua condição escrava como se a escravidão fosse algo natural e justo.

Não quero mais assistir a novela tão famosa e mundialmente conhecida: A escrava Isaura, pois meus antepassados não eram escravos, mas sim foram escravizados e trazidos pela força e amarrados em correntes como se fossem cosias e objetos e como justiça e não vingança, eu irei escrever uma nova e melhor novela, A SENHORA MAURA!

E ela passará em meu canal todos os santos dias e em todo capítulo, Maura irá dizer assim:

Trezentas chibatadas no mínimo a Leôncio por insubordinação e não quer me servir.

Trezentas no mínimo e seu nome não será a escrava de alma branca Isaura, mas sim, minha linda, negra e formosa sinhazinha: A SENHORA MAURA

 

 

João do Gueto

 

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